Ilhéus Mania

Bahia ri da micareta murcha do bolsonarismo condenado

Se o bolsonarismo na Bahia já parecia um carro de som desafinado em final de festa, depois da condenação de Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão virou algo ainda mais constrangedor: uma micareta de WhatsApp. Os gritos de “mito” se transformaram em textões indignados e áudios mal gravados. Nada de avenidas lotadas ou caminhões decorados — a resistência bolsonarista virou basicamente um grupo de figurantes de reality show, brigando para manter relevância quando a audiência já mudou de canal.

E quem aparece para “herdar” essa herança maldita? Ele mesmo: ACM Neto. O ex-prefeito de Salvador, que sempre correu do bolsonarismo como quem foge de primo chato em festa de família, agora surge como opção para abrigar os órfãos do mito. A ironia é que Neto, até ontem, jurava independência absoluta, posava de liberal moderno e evitava abraços comprometedores. Hoje, com Bolsonaro preso, parece disposto a fazer o papel de “DJ reserva”, aquele que sobe no palco só porque o titular foi expulso a vaia.

Enquanto isso, os atos bolsonaristas na Bahia não passam de piada. O último, no Farol da Barra, reuniu algumas centenas de pessoas — um número tão modesto que, se fosse bloco de carnaval, não passaria nem da concentração. A promessa de “parar o Brasil” virou a constatação de que não conseguem nem engarrafar a Avenida Sete. O bolsonarismo baiano virou aquele axé retrô que ninguém mais dança: até toca de vez em quando, mas só arranca risada nostálgica.

Nesse cenário, as fofocas de bastidor sobre a possível renúncia de ACM Neto caem como gasolina no fogo. Para alguns, seria a prova de que ele não quer herdar o pepino bolsonarista; para outros, sinal de covardia. Afinal, renunciar agora seria como largar a banda no meio do show, deixando o público sem vocalista e sem playback. Mas, convenhamos, a política brasileira é um espetáculo onde ninguém tem medo de abandonar o palco — desde que já tenha garantido cachê e camarim.

A verdade é que Neto está num dilema digno de tragédia grega com pitadas de pastelão. Se abraça de vez com os bolsonaristas, corre o risco de afundar junto com um Titanic já partido ao meio. Se tenta manter distância, ouve acusações de ser “bolsonarista enrustido”, aquele que estava no camarote mas jura que só entrou para ir ao banheiro. É a definição perfeita de perder por um lado e perder pelo outro.

No fim das contas, o bolsonarismo na Bahia já parece piada de stand-up mal contada: ninguém leva a sério, mas sempre tem alguém disposto a aplaudir por educação. Bolsonaro virou lenda urbana, ACM Neto virou herdeiro improvável e os militantes restam confinados em grupos de Telegram, reclamando que “o povo não acordou”. Pois bem, acordou sim — só não quis ir à festa.

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